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Médicos defendem harmonização entre ciência e humanidades médicas em congresso do CFM
Como resgatar o lado humano da ciência médica sem renunciar aos importantes avanços tecnológicos que passaram a beneficiar a civilização nos últimos tempos. Esta reflexão foi uma das mais importantes do VI Congresso Brasileiro de Humanidades Médicas, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) nos dias 10 e 11 de agosto, em Brasília (DF).
Juntos, médicos de diversas especialidades, professores, acadêmicos e profissionais de áreas afins debateram diferentes vieses dessa questão, sob a perspectiva de que "a objetividade científica e a subjetividade afetiva estão envolvidas no ato de curar", como apontou o secretário-geral do CFM, Henrique Batista e Silva.
Para o secretário-geral, que também coordena os trabalhos da Comissão de Humanidades Médicas do CFM, a Medicina é permeada por incertezas, limites e indeterminações quando o assunto é curar, mas sempre pode oferecer, através do cuidado, alívio para o sofrimento. "O adoecimento é uma condição sui generis que provoca alteração no mundo de valores do paciente, o deixando em posição de fragilidade e transformação", diz, questionando qual será o papel dos médicos ante a este ser humano.
Nesse sentido, "as artes ajudam o médico a desenvolver e consolidar hábitos essenciais para o cuidado. Com elas, desenvolve-se a observação, análise, empatia e auto-reflexão", explica. Mitologia, história, o estudo de figuras célebres como Hipócrates, de autores como Machado de Assis e Molière, são apenas alguns exemples do vasto arsenal de artistas e obras para refletir sobre o papel do adoecimento.
Outros especialistas, como o psiquiatra e psicanalista, Abram Eksterman, também destacaram o compromisso do médico de se aproximar de quem sofre, a importância das relações humanas e de utilizar a relação médico-paciente como recurso terapêutico. "Cada palavra do médico, cada atitude do médico, é um ato terapêutico", explicou o psicanalista.
"O que nós precisamos é atingir a própria organização da pessoa do médico, capacitando-o a pensar o outro, se relacionar com gente, ouvir o que se lhe é dito, compreender o paciente (dentro do contexto existencial), dialogar com pessoas e estar disponível a estabelecer vínculos humanos", defendeu Eksterman, assegurando ainda que singularizar o caso clínico, ou seja, apoiar o ato assistencial na singularidade existencial de cada doente, reduz o custo médico.
Academia – A importância de criar e fomentar capacidade intelectual nos alunos, na comunidade acadêmica e comunidade médica para um olhar crítico e questionador sobre a Medicina embasada somente na tecnologia foi outro tópico de destaque no evento.
Nesse sentido, os ensinamentos do médico americano Edmund Pellegrino (1920-2013), considerado um dos pais da bioética, orientou as reflexões sobre a relação médico-paciente nos dias de hoje. Já na década de 1970, Pellegrino alertava que a arte médica corria o "perigo de ser engolfada pelo seu aparato tecnológico", como ensinou o poeta, filósofo e diretor da Clínica São Vicente, Luiz Roberto Londres. Para ele, "é preciso que a anamnese seja central na relação médico-paciente e que haja parcimônia no pedido dos exames complementares".
Para enriquecer os debates, professores como Roberto Luiz d’Avila (Unisul) e Ylmar Corrêa Neto (UFSC) partilharam experiências usadas em sala de aula sobre o ensino das humanidades médicas.
Roberto d’Avila, que é ex-presidente do CFM e, em sua gestão, promoveu a realização do primeiro congresso brasileiro da autarquia sobre o tema, definiu humanidades como um conjunto de disciplinas que contribuem para a formação do ser humano, independentemente de qualquer finalidade utilitária. "Sinto arrepios quando me deparo com os chamados programas de humanização. Não se humaniza por decreto. É preciso sensibilizar o médico a ver o outro", afirmou. A arte, para ele, é um dos caminhos para essa sensibilização.
Em suas aulas, o professor indica para seus alunos lerem e resumirem textos de escritores como Guimarães Rosa e Tchekhov, e de outros que falam da relação médico-paciente, como Tolstoi. Também são debatidos filmes como "Peixe Grande" e "Minhas tardes com Margueritte".
Já o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFCS), Ylmar Corrêa Neto, usa as artes plásticas como recurso didático para ajudar o aluno a encarar o desafio da morte, por exemplo. "É melhor que primeiramente o aluno entre em contato com ela pela arte, antes de encará-la na dureza de uma enfermaria de hospital", argumentou. Em sua palestra, o professor apresentou o vídeo "Meat Man", de Diego de los Campos, que mostra a decomposição de uma escultura feita de carne moída. "As imagens são fortes, mas nos ajudam a pensar sobre a finitude da vida e sobre o quando devemos ter uma atitude humanizadora diante do nosso paciente", afirmou. A mensagem foi assimilada sob intensa emoção do público.
Outro destaque do congresso foram as oficinas de Cinema (com o conselheiro do CFM, Celso Murad), Literatura (com o professor Mario Barreto Corrêa Lima) e Música (com João Alberto Cardoso, da Sobrames/SE). No segundo dia de atividades, os temas das oficinas foram: "Experiências: o conselho e a academia", "Incerteza" e "Empatia", apresentadas pela conselheira do CRM-DF, Martha Helena Pimentel Zappalá Borges, e pelos professores Anibal Gil Lopes e José Eduardo de Siqueira, respectivamente.
Também foram apresentados 42 trabalhos com relatos de experiência e estudos qualitativos, divididos em dois dias. Eles abordaram diversos temas relativos ao ensino de humanidades em Medicina, desde o papel da anamnese e do uso de narrativas, da literatura, do cinema e das artes visuais nesse aprendizado, até questões de espiritualidade e religiosidade em saúde, a angústia e impotência do estudante de medicina perante situações de atividade práticas com o paciente, o luto materno pós perda gestacional, o método clínico centrado na pessoa e uma série de outros trabalhos.
Travessia – O presidente do CFM, Carlos Vital, ressaltou o empenho da autarquia para "abrir espaços para implementação da cultura de humanidades na prática médica". Segundo Vital, é necessário que os médicos façam "a travessia de volta para a margem da qual saíram: a margem da sensibilidade, do médico cuidador do homem, com humildade e capacidade de resolver o seu problema, com compaixão – não apenas um profundo conhecedor de uma técnica operativa sobre um órgão ou uma patologia".
Assista aos vídeos evento:
Saiba mais:
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Confira a galeria de imagens do evento.
Apresentações:
Conferência: As Humanidades na Formação dos Médicos
Conferencista: Roberto Luiz d'Avila
Presidente: Carlos Vital Tavares Corrêa Lima (presidente do CFM)
Secretário: José Hiran da Silva Gallo (tesoureiro do CFM)
Palestra: A medicina e as artes plásticas
Palestrante: Ylmar Corrêa Neto (Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC)
Presidente: Armando José d'Acampora (Unisul)
Secretário: João Gonçalves de Medeiros Filho (presidente do CRM-PB)
Palestra: Medicina centrada em pessoas e as humanidades médicas (apresentação oral)
Palestrante: Abram Eksterman (psiquiatra e psicanalista)
Presidente: Pietro Novellino (Academia Nacional de Medicina)
Secretário: Dilza Teresinha Ambrós Ribeiro (conselheira do CFM)
Conferência: Edmund Pellegrino: um exemplo de médico humanista
Conferencista: Luiz Roberto Londres (Poeta, filósofo, diretor da Clínica São Vicente)
Presidente: Francisco Barbosa Neto (Associação Brasileira de Educação Médica, ABEM)
Secretário: Caique de Moura (AEMED-SC)
Palestra: A história de medicina e as humanidades médicas
Palestrante: Henrique Batista e Silva (secretário-geral do CFM e coordenador da Comissão de Humanidades Médicas)
Presidente: Jeancarlo Fernandes Cavalcante (conselheiro do CFM)
Secretário: Ingrid Marques (IFMSA Brazil)